razões para amar setembro
Setembro tem a cor de uma memória que ainda não amadureceu. Caminha-se pelas ruas e há um cheiro de livros antigos e de folhas que ensaiam a queda, hesitantes, como se o mundo tivesse decidido, finalmente, contar-nos segredos que não sabíamos que precisávamos ouvir.
É o mês dos dias longos a despedir-se cedo, e do céu a ensaiar tons que ninguém consegue nomear. Há uma música nos ventos que passam pelas janelas abertas, uma promessa de coisas pequenas que nos salvam, como um sorriso roubado ou a mão que encontra a nossa sem perguntar.
Amar setembro é amar o instante em que a luz se dobra, e o tempo parece querer-nos mais próximos daquilo que somos quando ninguém olha. É o mês dos cafés fumegantes e das palavras soltas nos passeios vazios, das cartas não enviadas, das histórias que queremos contar e guardamos na garganta.
Setembro lembra-nos que o mundo não precisa de pressa. Ele ensina, em silêncio, que as coisas bonitas acontecem entre o fim e o começo, entre a saudade do que foi e a esperança do que ainda nem sabe que existe. E amar setembro é aprender a viver nesse espaço estreito, mas infinito, que se abre quando deixamos que o coração nos faça companhia.
PB
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