O que aprendo todos os dias com os meus alunos

Aprendo que o mundo é menor e maior do que eu pensava, tudo ao mesmo tempo.

Que uma pergunta sem sentido pode ser mais sábia do que qualquer livro que eu já li.
Que o riso deles é um vírus bom, que contagia mesmo quando estamos cansados.

Aprendo que há paciência escondida dentro de nós, mas que eles têm o dom de a puxar para fora sem pedir licença.
Aprendo que errar é natural, mas rir do próprio erro é ainda melhor.
Aprendo que há infinitos jeitos de ver uma equação, de interpretar um poema, de imaginar uma história.

Aprendo com o silêncio deles.
Com os olhos que brilham quando percebem algo novo.
Com a boca que se cala porque está a digerir o mundo.
E aprendo também com o caos: cadernos espalhados, risadas que atravessam corredores, desenhos que não têm nada a ver com a matéria mas contam tudo sobre eles.

Aprendo que ensinar não é só dar respostas, é aprender a perguntar de outro modo, a escutar de outra forma, a rir com mais cuidado.
Aprendo que cada um deles é um livro inteiro, e que eu sou apenas uma página que eles folheiam por um instante, mas que o instante é suficiente para mudar a minha história.

Aprendo que a disciplina não se impõe, se conquista.
Que o respeito não se exige, se mostra.
Que a vida cabe nos detalhes mais pequenos: uma mão levantada, um “não sei”, um “posso tentar?”.

Aprendo todos os dias que sou professora, mas que eles me tornam aprendiz.
E aprendo também que, se eu fechar os olhos por um minuto, ainda consigo ouvir o eco deles a ensinar-me como ser mais humana, mais leve, mais curiosa e, sobretudo, mais feliz.


PB

Comments

Popular posts from this blog

Querida C.

uma espécie de mantra

Boas notas, más notas (ou como tirar 80% e ainda levar sermão)