uma espécie de mantra

Acredito que ninguém entra na nossa vida por acaso. Acredito que todas as pessoas têm alguma coisa para nos ensinar, para nos ajudar a crescer e a evoluir. Talvez, por isso mesmo, eu valorize tanto as pessoas que vão entrando na minha vida! Cada aluno que chega traz consigo uma mãe e uma família que vou acrescentando à minha própria. Cada aluno traz consigo uma bagagem, uma história e um caminho para percorrer. A partir do momento que entra na minha vida, passamos a percorrê-lo juntos, influenciando-nos mutuamente, crescendo em sintonia e acrescentando valor em simultâneo. Aprendo muito com as minhas pessoas pequeninas (sendo que, pequeninas, são todas as minhas pessoas que vão dos 11 aos 18) ... com elas aprendo a relativizar, a rir no meio da desgraça e a ver organização mesmo quando o caos está instalado!! São também deles os melhores sorrisos, os maiores abraços e as mais sentidas verdades! Mesmo as que não queríamos ouvir - ("professora, que aconteceu ao teu cabelo hoje?? Estás bué estranha!!" - ups ahahah). Deles tenho sempre a frontalidade e a verdade! São puros e genuínos e peço-lhes, muitas vezes, que não percam isso. Que à medida que crescerem não deixem de dizer o que pensam e sentem e que sejam sempre fiéis a si mesmos, que não percam a transparência e a capacidade de se continuarem a maravilhar com as coisas simples, para que sejam sempre adultos interessados e interessantes e de bom coração. 

Acredito que eles me mudam - todos os dias - e me acrescentam. Acredito que me aguçam o olhar para as coisas simples e bonitas e a ser mais tolerante e atenta ao que realmente importa. Ninguém entra na nossa vida por acaso. Acredito nisso, verdadeiramente. Cada aluno que entra na minha sala, cada família que chega à minha vida, traz algo para me ensinar e me ajudar a crescer. Cada mãe que chega ensina-me a perspetivar a Educação e a derrubar certas verdades tidas como absolutas e a considerar que há outros modos e outros caminhos! São já 33 anos a acolher alunos na minha sala e a acolher as suas famílias que vou considerando também minhas. Também elas me foram acolhendo ao longo dos anos, também elas me foram "adotando" e fui passando da "Expli" dos filhos para ser também a "Expli" das mães que carinhosamente assim me tratam e com quem aprendi também a criar os meus filhos enquanto educava e ensinava os seus <3 

Ninguém entra na nossa vida por acaso, e a prova disso está no facto de a Paula de hoje não ser a mesma de há 20 anos nem de há 10!! Sou o somatório de cada um dos alunos e de cada uma das famílias que entraram na minha vida, sou a prova de que o amor salva um dia triste, de que um abraço cura uma manhã que começou mal e de que um "gosto muito de ti" ajuda a encarar com outra leveza um dia de 12h de trabalho!! 

Ninguém entra na nossa vida por acaso. Acredito nisso, verdadeiramente. 



PB


Comments

Post a Comment

Popular posts from this blog

Querida C.

Quando uma mãe perde um filho é como se um pedaço do mundo tivesse sido apagado e o nome dele ecoasse num vazio que nunca volta. A morte de um filho deixa uma ausência tão intensa que não há palavras, apenas um silêncio que pulsa dentro de cada respiração do coração desta mãe. Mas perder um filho não pode ser só sobre ausência ou dor: tem que ser também, e essencialmente, sobre fé. E esperança. A esperança de que a vida não termina no fim do corpo, de que há um reencontro numa outra curva da eternidade, onde o tempo não tem pressa e o amor nunca se perde. Quem parte não desaparece. Volta no sonho leve, no perfume de uma tarde, no canto de um pássaro inesperado, na brisa que sussurra um nome que só o coração entende. Talvez o céu se abra um pouco, todos os dias, para que os olhos da alma possam ver o que os olhos do corpo não alcançam. E ali, na intersecção entre o agora e o sempre, o amor segue vivo, em forma de luz e de paz. Sabes C., o tempo não vai apagar a tua do...
Read more

Boas notas, más notas (ou como tirar 80% e ainda levar sermão)

Dizem que as boas notas são o aplauso da escola. Que são medalhas em forma de números. Que são passaporte para um futuro brilhante e um presente orgulhoso. Mas e se, às vezes, as boas notas forem só... disfarces? É que muitas vezes é possível maltratar com boas notas. Acham que não? Há crianças que tiram 19 e acham que falharam. Que tremem nas vésperas dos testes como quem entra numa arena, não numa sala de aula. Que tiram 80%, com esforço, lágrimas e talvez um pacto com todos os santos — e, em vez de “Parabéns!”, ouvem um gelado: “E os outros 20% foram para onde?” É o clássico dos pais sempre insatisfeitos. Que confundem exigência com perfeição. Que acham que amar é empurrar para cima, sem perceber quando o filho já está sem chão. Pais que olham para um 80% e perguntam se o colega do lado tirou mais. Que respondem “Sim, mas…” a todas as vitórias. Que vivem como se os boletins escolares fossem espelhos da sua própria autoestima parental. Mas a verdade é que educar não é exigir semp...
Read more