Para que servem as crianças?
Servem para nos devolver o espanto. Para nos ensinar, todos os dias, que o mundo é novo, mesmo quando já o demos por velho. Servem para nos lembrar que o tempo não se conta em relógios, mas em descobertas, em gargalhadas soltas, em perguntas sem pressa.
As crianças não servem a um propósito. Elas são o propósito.
Servem para que nos detenhamos, finalmente, no que é essencial. Para que aprendamos a ver o que está à frente e não apenas o que está à espera. São elas que nos mostram o valor de um agora inteiro, de um abraço que cura, de um olhar que diz tudo sem precisar de palavras.
Elas servem para nos ensinar a amar — e a amar melhor. Sem condições, sem trocas, sem medidas. Servem para nos confrontar com aquilo que temos de mais frágil e, ao mesmo tempo, de mais forte: a nossa capacidade de cuidar.
As crianças servem para nos obrigar a crescer — mas não às pressas. Crescer por dentro, onde mora o afeto. Servem para nos mostrar que educar não é moldar, é escutar. Que orientar não é comandar, é caminhar ao lado. Que proteger não é prender, é dar asas enquanto se oferece o ninho.
Servem para nos salvar do cinismo. Para nos dar outra vez o riso fácil, o choro honesto, a vontade de brincar. Servem para semear o futuro, não com fórmulas, mas com sonhos.
Para que servem as crianças?
Para sermos melhores. Para sermos humanos.
Para nos lembrarmos, todos os dias, que o amor — quando é inteiro — começa pequeno, de mãos dadas, chamando por nós
Para que servem as crianças?
Para adotar o Pai Natal, a Fada dos Dentes e o Anjinho da Guarda e mais um exército infindável de super heróis como membros da família
Para que servem as crianças?
Para percebermos que temos todos a oportunidade de continuarmos a ser sempre pequenos enquanto teimarmos em não crescer demasiado.
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