O que é a Geração Z (e por que está sempre cansada)

 A Geração Z nasceu entre 1995 e 2010, mais coisa menos coisa — o que quer dizer que cresceu com um tablet numa mão, um trauma na outra, e uma notificação a piscar no fundo da retina. São os filhos do Wi-Fi e os sobrinhos do burnout. E, sim, já nasceram a dizer "estou exausto", mesmo antes de aprenderem a conjugar o verbo.

Se a geração anterior, os Millennials, ainda teve tempo de brincar na rua e de gravar músicas da rádio em cassetes com o dedo pronto no botão REC, a Geração Z veio ao mundo já a fazer scroll. É uma geração que aprendeu a comunicar com emojis, a chorar com memes e a filosofar no TikTok entre um tutorial de skincare e um vídeo de alguém a cortar sabão.

Mas atenção: isto não quer dizer que sejam superficiais. Muito pelo contrário. A Geração Z é provavelmente a geração mais informada da História (e também a mais ansiosa, mas isso fica para outra consulta). Sabem o que se passa no mundo em tempo real, mas têm dificuldades em saber o que se passa dentro deles. Estão ligados a tudo e a todos — menos a si mesmos.

Enquanto os Millennials ainda achavam que a vida se resolvia com um diploma e um estágio, os Gen Z sabem que isso já não dá nem para pagar um café com leite de aveia. São pragmáticos. Já não sonham com o emprego ideal; sonham com um “freelance estável” (sim, a contradição é real) e com ter saúde mental suficiente para não chorar às segundas-feiras.

São a geração que normalizou a terapia, que fala de depressão como quem fala do tempo, que faz piadas sobre a própria ansiedade no Twitter como forma de catarse. Sabem que precisam de ajuda, mas muitas vezes não sabem onde a encontrar. E, apesar de passarem horas no Instagram, sentem-se sozinhos como nunca.

Dizem que a Geração Z é frágil. Talvez seja só mais humana. E, talvez por isso, mais consciente daquilo que o mundo tem de bom, mas também de tudo o que ainda está por resolver. São críticos, impacientes, criativos, inclusivos. São quem vem aí. Ou melhor: são quem já está cá, com as suas dúvidas, os seus crushes e as suas crises existenciais de domingo à noite.

E se a geração anterior queria mudar o mundo com startups e café artesanal, a Geração Z quer salvar o planeta, mas também ter tempo para ver séries, desligar o telemóvel e cuidar da saúde mental. Porque já perceberam que, se não cuidarem de si, não vão conseguir cuidar de mais nada.

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