Cinquenta e Dois — E Ainda Acredito em Fadas
Hoje faço anos. Cinquenta e duas voltas completas ao sol — e nem um só dia desperdiçado a ser menos do que inteira. Cinquenta e dois, com muito orgulho e, vá, um joelho que já não colabora às segundas-feiras e umas dores extras nas costas, mas tudo bem — tenho histórias no lugar das certezas, gargalhadas no lugar das pressas. Continuo a gostar de surpresas, sim. Daquelas que vêm embrulhadas em papel colorido ou nos olhos dos meus filhos, que conspiram com o pai como agentes secretos da ternura. Põem-se em bicos de pés, sussurram atrás das portas, fazem de conta que não sei — e eu, atriz premiada nesta farsa deliciosa, finjo não ver. Porque saber e fingir que não se sabe é, também, um tipo de amor.
Ainda acredito em fadas. E em duendes. E na possibilidade mágica de que o mundo é melhor quando se olha para ele com um pouco de brilho nos olhos (e, se possível, com glitter nos sapatos). Há quem diga que com a idade a gente amadurece, sossega, acomoda. Eu? Eu acordo todos os dias como se fosse Natal. Ainda abro os olhos à procura de milagres simples: um raio de sol na parede, um abraço apertado, um café com espuma perfeita.
Adoro fazer anos. Há quem fuja da data, esconda a idade, conte de trás para a frente. Eu não. Eu conto para a frente, para cima, com entusiasmo de quem coleciona primaveras como quem coleciona vinhos — quanto mais tempo passa, melhor o sabor (com ligeiras dores de cabeça no dia seguinte, vá, mas vale a pena). Adoro fazer anos e recuso-me a envelhecer. Aliás — não envelheço: cresço. Cresço como crescem as árvores, com raízes profundas e ramos cada vez mais estendidos para o céu. Cresço com rugas que contam histórias e gargalhadas que fazem eco nos cantos da casa. Cresço para dentro, para fora, para todos os lados onde mora o amor.
Hoje, faço anos. E o mundo parece sempre um pouco mais bonito nesse dia. Talvez porque eles — os meus — o tornam único, todos os anos, com detalhes que só quem ama de verdade sabe inventar. Um bolo com cobertura torta, uma viagem planeada à última hora só para nós podermos estar todos juntos, uma dança improvisada na cozinha... o meu livro favorito do momento <3
Cinquenta e dois. Ainda me emociono. Ainda sonho. Ainda espero unicórnios à porta.
E se me perguntarem o segredo?
É simples: não se trata de contar os anos… trata-se de fazer com que cada ano conte.
PB
🌼
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