Ansiedade: o sussurro que grita por dentro

Ansiedade é um vento invisível que sopra por dentro — forte, sem pedir licença. É como se o peito virasse mar num dia de tempestade: ondas que vêm sem ritmo, sem aviso, sem razão aparente.

Ela chega devagar, muitas vezes disfarçada de pressa, de preocupação legítima, de cuidado. Mas, aos poucos, toma tudo de assalto. O pensamento corre antes do corpo, e a alma tropeça naquilo que ainda nem aconteceu.

É o coração disparado por motivos que a mente não consegue explicar. É o medo de errar, de não dar conta do recado, de ser demais ou de não ser o suficiente. É o corpo que quer fugir quando não há para onde correr.

A ansiedade mora no entre — entre o agora e o depois, entre o que foi e o que talvez nunca será. É um tempo suspenso, um segundo que não passa, uma eternidade embrulhada num minuto qualquer.

E, ainda assim, ela fala. Fala do nosso desejo de controle, da nossa sede de certeza, da fragilidade de quem sente muito, de quem pensa demais, de quem vive o mundo com os nervos expostos.

Mas há beleza até no caos.

Porque reconhecer a ansiedade é também reconhecer que somos humanos: inacabados, complexos, vivos. E a vida, com toda sua intensidade, exige mesmo coragem. Coragem de respirar fundo no meio do turbilhão. De acolher a si mesmo. De pedir ajuda. De recomeçar, quantas vezes for preciso.

Que este texto seja abraço para quem sente demais.

Vocês não estão sozinhos.
O silêncio pode ser quebrado.
E o tempo — sim, o tempo — também cura.


PB

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