A saúde mental das mães (ou o milagre de não enlouquecer entre tpc's e reuniões)

 

Fala-se muito sobre saúde mental hoje em dia — e ainda bem. Mas pouco se fala, com a devida seriedade (ou empatia), sobre a saúde mental das mães. Sim, essa espécie rara de ser humano que vive entre o amor absoluto e o caos cotidiano, quase sempre no modo “piloto automático”.

As mães são feitas de uma matéria-prima que mistura paciência, culpa, afeto, resistência… e mais culpa. Culpa porque acham sempre que deveriam estar em dois lugares ao mesmo tempo, e ainda a fazer mais e melhor, com mais leveza e menos gritos. Como se isso fosse humanamente possível.

Eu acho que a saúde mental das mães é uma espécie de milagre silencioso. Não faz barulho, mas sustenta o mundo.

Ser mãe é viver em modo multitarefa (e multitensão)

Enquanto respondem a e-mails, estão a mentalizar o jantar. Enquanto ajudam com os trabalhos de casa, pensam se já pagaram a conta da luz e passam a ferro. E entre uma crise de birra e uma reunião no Zoom, tentam lembrar-se da última vez que tomaram um café quente. Spoiler: não foi esta semana.

Há dias em que a maior conquista é não ter gritado. Noutros, é ter chorado no carro e voltado com um sorriso que nem o Meryl Streep fingia melhor.

Mas por muito que as mães estejam cansadas, esse cansaço é cheio de amor. É um cansaço que cuida, que embala, que dá colo mesmo sem forças. Porque, no fim das contas, a saúde mental das mães não está em estar sempre bem: está em conseguir continuar, mesmo quando tudo parece de pernas para o ar.

Mas a verdade é que saúde mental também é saber parar. Pedir ajuda. Dizer “hoje não”. Rir das próprias falhas. Abraçar o caos com humor e ternura. E saber que ser mãe perfeita é uma invenção exaustiva e muito desnecessária.

No fim do dia…

Quando a casa finalmente silencia, e há brinquedos espalhados pela sala, e meias misteriosamente desemparelhadas nos cantos da vida… as mães respiram fundo. Não dormem, exatamente. Reiniciam (tal como os computadores!!).

Porque ser mãe é isso: um superpoder em construção, com muito amor, alguma desorientação, e uma sanidade que dança no fio do improviso, quase sempre presa por um elástico de cabelo.

 

PB

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