Vida.

 

A vida não é sobre dar ou não dar importância às coisas, é sobre reconhecimento e valor. É sobre eternizar momentos em nós, é sobre voltar aos lugares da minha memória só para te poder reencontrar, mas é também sobre regressar ao passado para me resgatar e poder recolher tudo o que esqueci sobre mim. 

São já outras vidas, muitas vidas, tantas vidas, mas nada disto é sobre saudade, sabes... é sobre reencontros, é sobre olhar para trás, mas andar para a frente percebendo que embora sendo partes de letras antigas nenhum de nós sozinho é a música inteira. É sobre saber que somos partes das mesmas histórias. É sobre não sermos rascunhos, mas narrativas inteiras. 

Com o tempo rendi-me ao vento que passa e sacode a flor e percebi-me sombra da palavra escrita na passagem da caneta numa já gasta folha de papel. Gastos os dias. Os meses. Os anos.

E quando sinto que não me sobra nada lembro-me que existes tu e todas as palavras que já dissemos; as que doeram, as que deixaram marcas, as que iluminaram, mas também as que me salvaram e, por isso, ainda vivem em mim. E quando sinto que não me sobra nada lembro-me que existes tu e eu e que juntos somos verdade e generosidade e amor. Somos palavras. Usadas, mas não gastas. Palavras que, por isso mesmo, podem durar um momento e uma vida inteira. A nossa. Uma vida. De tantas vidas. 

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