Shhh...

Ontem, em conversa com dois amigos, debatíamos a qualidade do tempo que dedicamos a nós mesmos e se gostávamos de estar sozinhos, se apreciávamos a nossa própria companhia. A minha amiga dizia-me que tinha ficado a pensar nisso quando leu uma frase num livro "Não faço ideia de quem sou quando estou sozinha" e que, desde aí, tinha ficado a pensar nisso. Debatemos bastante a frase e o assunto, mas a verdade, é que também eu, vim para casa a pensar nisso. 

Eu gosto muito de sair e estar com pessoas, aliás, eu gosto verdadeiramente de pessoas, mas também gosto muito de estar sozinha, na minha própria companhia. Gosto do meu silêncio na mesma proporção que gosto da agitação de ter muita gente à minha volta. Mas quantas pessoas conheço que gostem mesmo, mesmo de estar sozinhas, a sós consigo próprias? Possivelmente a mesma quantidade de pessoas que se ocupa com 1000 afazeres só para não se encontrarem a sós com a sua companhia. Pessoas que acumulam distrações, rodeando-se de barulho porque temem o silêncio da sua própria voz, desconhecendo que é no silêncio do tempo que passamos connosco que temos a oportunidade de nos encontrarmos. Que é nessa quietude que aprendemos a escutar e, ouvindo-nos, conseguimos conhecer-nos em profundidade. Quantas pessoas fogem diariamente desse confronto consigo? 
Eu sei que olhar para dentro de nós às vezes custa, principalmente para quem não gosta do que vê. No entanto, penso também que esse é um exercício necessário e que, quem não gosta da sua companhia, não pode ser boa companhia para ninguém. E tenho profunda pena de quem não se estima o suficiente, ao ponto de gostar da sua companhia, e mais ainda, de quem vive rodeado de barulho porque acha que o silêncio é que é ensurdecedor ...

PB





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