Setembro
São 15h30 e é já setembro. Pelo caminho ficam as noites quentes de verão, o sabor a sal misturado com o doce das bolas de Berlim e os dias sem horas marcadas para acordar ou deitar ou fazer o que quer que seja. Mas o melhor do verão, do meu verão, são as manhãs e os pequenos-almoços todos juntos. Ter os meus filhos em casa, poder beber café com eles, e tal como quando eram pequeninos (pelo menos mais pequeninos em tamanho) beijar-lhes a bochechas mornas com aquele cheiro doce de quem acabou de acordar.
Mas o verão também chega ao fim. E, aos poucos, vai dando lugar a uma certa inquietude, a uma angústia que se aloja no lado esquerdo do peito e que me diz que estes dias também terminam. Se, por um lado, gosto de setembro - da sua luz, da sua promessa de novidade e recomeços - por outro lado, ele leva consigo, para outras paragens, quem tanta falta me faz o ano inteiro. Gostava de poder congelar o tempo ou, pelo menos, abrandá-lo! Fazê-lo esticar e que os dias fossem mais loooongos!
Hoje chegou o dia da Maria de regressar à Universidade e à outra vida que tem, longe de casa, numa cidade que é minha e também, já tanto sua. E, se por um lado, fico feliz por vê-la tão independente e decidida a construir o seu caminho, não consigo esconder a tristeza que sinto pela casa mais vazia, e a falta que as nossas conversas e manhãs no café, a ler, me vão fazer. Habituei-me estes 2 meses, de novo, à tua presença diária, às gargalhadas, às tuas expressões e à tua companhia, mesmo que silenciosa, nas minhas noites de estudo!
Hoje, cá dentro do meu coração, é noite escura. Como se setembro tivesse vindo de rompante com trovoada e sem aviso. E, como se não bastasse, sei que, daqui a dias, também o Miguel - meu parceiro de caminhadas e de longas conversas filosóficas, aquele que me ensina palavras em indiano e sânscrito (não questionem! :D) e que partilha comigo os melhores memes e bandas desenhadas, também vai embora e voltará a ser noite escura!
Sei que os ensinei a ir atrás dos seus sonhos e que foram educados para saberem fazer as suas escolhas, mas isso não me impede de sentir o coração escuro como breu e que, de repente, se fez janeiro frio e chuvoso em mim, num tempo em que ainda é verão.
PB
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