o fim
Gosto imenso de viver.
Para mim acordar de manhã, muito, muito cedo faz todo o sentido, porque se acordar mais cedo eu vou aproveitar mais horas do dia e, por conseguinte, vou viver mais.
Na minha casa tenho poucos adeptos desta teoria, no entanto.
A este propósito, o meu pai costumava dizer que eu gostava tanto de viver que acordava todos os dias como se fosse manhã de Natal!
Talvez seja por isso que quando me dizem "vamos", eu responda sempre primeiro com o entusiasmo de quem não acredita em impossibilidades - "bora", e só depois pense nas consequências. Vivo sempre no limite e em estado de êxtase! Acho que é porque eu vejo o mundo, apesar dos apesares, como um lugar bonito. E também porque continuo a olha-lo com mesmos olhos curiosos e cheios de esperança, de quando era adolescente e o mundo estava todo ali, pronto a ser conquistado!
Mas não me considerem “naive” (embora algumas pessoas olhem para mim de um modo estranho e com condescendência!), porque eu sei que o mundo e a vida são duros, sei que também tem “lugares” feios e pessoas sem escrúpulos! No entanto, e ainda assim, eu opto pela coragem de o viver, reescrevendo e transformando, dor em amor, abandono em presença, separações em compromisso. Também sei que viver neste mundo exige uma boa dose de resiliência e resistência e também muita coragem! É preciso coragem para ouvir as notícias, é preciso coragem para escolher um curso que se gosta ao invés de um que dá dinheiro! É preciso coragem para ser num mundo com tantos seres (estranhos), é preciso coragem para sermos pais neste mundo tantas vezes ingrato e injusto!
Mas ainda assim eu adoro viver. Todos os dias acho o nascer do sol comovente e vejo-o como uma esperança e uma oportunidade de recomeçar! Vivo para ver o pôr do sol que todos os dias é diferente e único e me deslumbra com as suas cores. Por isso, a minha teoria de “Acordar cedo e deitar tarde” me faz tanto sentido!
José Saramago dizia: “à medida que os anos passam sei que se aproxima o fim e por isso, já encaro o final de cada dia como uma perda irreparável!”
E é isso que eu sinto! O final de cada dia como uma perda irreparável! E irrecuperável!! E é por isso que não perco tempo a dormir, nem a zangar-me, nem a odiar ninguém! É por isso, que opto por ver o copo, não cheio, mas transbordante! Que opto por ver em cada pessoa a sua luz e estou determinada a reconhecer apenas as atitudes que fazem de cada pessoa, uma boa pessoa! Não perco tempo com nada que seja acessório e sem substância (isto inclui coisas e pessoas), gosto de quem me acrescenta, não dou ouvidos a cusquices, não permito que falem mal dos meus amigos (nem de ninguém, na verdade!) à minha frente e há alguns anos que tenho um lema: ser, todos os dias, mais filtro e menos esponja!!
Tenho 51 anos e sei que estou em contagem decrescente … Tenho 51, orgulhosos e felizes, anos, mas a idade é o que é. Um número. Um arrendamento do corpo que o tempo nos impõe, nesta vida onde somos todos peões.
Mas, até chegar o final do meu contrato nesta vida, eu conto ainda viver muito! Cada dia a começar cedo, só para poder viver mais!!
PB
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