Voz

 

A minha voz é um rio. Umas vezes sereno, esculpindo o terreno por onde passa, outras vezes turbulento, moldando as margens do caminho e carregando consigo a intensidade das minhas emoções.

A minha voz é uma floresta. Umas vezes serena, com feixes de luz que se filtram pelas folhas das árvores e revelando os meus sentimentos mais profundos, outras vezes, densa e impenetrável, como um emaranhado de ideias que se entrelaçam umas nas outras, desafiando a clareza dos meus mais profundos pensamentos.

A minha voz é o veículo que me conecta ao mundo ao meu redor. É a ponte que me liga aos outros e através da qual partilho as minhas ideias e expresso as minhas emoções com todos aqueles que me rodeiam.

A minha voz é o eco das minhas reflexões mais profundas, mas é também uma espécie de música interior que, muitas vezes, só eu consigo ouvir. E é nesses momentos, em que só eu escuto a minha voz, que sinto que falo mais alto. É uma estranha bipolaridade esta que faz com que muitas vezes as melhores lições aconteçam quando não existe professor e o silêncio, falando alto, seja muitas vezes ensurdecedor.

É quando me falta a voz física que a minha voz interior mais se eleva e é quando elas as duas se entrelaçam e comunicam que se estabelece o melhor diálogo entre o que o que digo e o que eu sinto, entre o visível e o invisível, entre o que mostro e quem sou.

 

PB

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