De cada dia ...
Para se conseguir escolher, em
plena consciência, ser feliz, foi preciso ter já sentido e experimentado a
força avassaladora da infelicidade. Para se chegar a um lugar de esperança foi
necessário ter passado anteriormente por um túnel que, muitas vezes, nos
pareceu interminável e sem fim, e, para ver a luz, acredito ter sido necessário
experimentar primeiro a mais profunda escuridão.
O ser humano, no entanto, é filho
da esperança e mantém a fé inabalável de acreditar que os dias tristes nos
encaminharam a dias mais felizes, que o erro de hoje se pode transformar numa
oportunidade aberta para outro caminho novo amanhã e que os desafios que enfrentamos
nos levam sempre a um lugar melhor. É esta a nossa maior capacidade: a de acreditar
que somos capazes de nos erguer apesar da dor, que somos capazes de nos
transformar, mesmo em situações adversas, e essa capacidade, inabalável, de
acreditar que temos oportunidade de nos edificar e recomeçar, muitas vezes a
partir do nada.
Há dias que nos trazem o deserto
à porta e onde cada pedaço de caminho que fazemos é uma janela aberta para o
inesperado. A vida é assim, como uma caixinha cheia de surpresas. Uns dias desafia-nos,
noutros rouba-nos a paz e atira-nos para fora de pé, e, noutros ainda, compensa-nos
com pequenos nadas que têm, para nós, seres esperançosos, a força de grandes
milagres.
Viver não é para toda a gente. Há
quem prefira a dormência da rotina continuada, segura, monótona, porém
conhecida. Abrirmo-nos ao desconhecido pode ser assustador. Viver, sem medo de
nos afogarmos nas nossas dúvidas e ansiedades, acordados e despertos para a
realidade diz muito sobre a nossa força, mas tanto também sobre as nossas
incapacidades. Viver sem nos acomodarmos exige consciência e estremecimento. Exige
estar vivo, num mundo de gente moribunda. Se for menos que isso não vale a
pena. Se é para viver, que seja com vertigens, adrenalina e paixão.
Viver, por vezes, pode ser uma caminhada
longa e perturbadora, como é perturbador um
provérbio africano que diz “com sorte, a morte encontra-te vivo”. Por
isso, acredito que viver, com tudo o que isso implica, não é para todos. E,
quando chegar a minha hora, é assim que eu quero que a morte me encontre:
VIVA!!!
PB
🌼
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