Pela ausência.

Há uma frase que diz que as coisas que não nos acontecem são tão valiosas como as coisas que nos acontecem. Em certa medida, gosto de fazer uma extensão deste pensamento e adaptá-lo às pessoas: as pessoas que acontecem na nossa vida são tão valiosas como as que não nos acontecem (seja porque não quiseram ou porque simplesmente não tinha que ser!). E é nessa ausência, nem sempre voluntária - e muitas vezes dolorosa - que nos enrijecemos e definimos enquanto seres humanos. Foram muitas as ausências na minha vida, as pessoas perdidas e as cadeiras vazias. Mas foi tudo o que os outros não foram que fez de mim, em essência, a pessoa que sou. Foi nesse espaço por preencher que gerei força, dor, revolta e também caráter. Foi assim, à custa de muitas ausências, que me fiz avançar na vida, e moldei, na medida certa, o tamanho do tempo que precisei para dar corpo e substância a quem queria ser. Nem todas as ausências foram pelo bem, mas também não resultaram todas mal. Na verdade, foi esse vazio que fez com que eu me enchesse tantas vezes de coragem para poder ser o que quisesse e, enriquecendo os meus papéis, me tenha duplicado na necessidade de me fazer existir. Foi sempre na ausência de uns que me fiz copo cheio de mim. 

PB

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