voltar a casa
As serras, e as aldeias da minha serra, são os vestígios da minha infância que me recordam, em cada lugar que vou, que eu pertenço aqui: as correrias alegres e despreocupadas da minha infância ecoam por entre os rochedos, o cheiro a terra sulcada e a campo, a ternura do sorriso da “ti Maria” que vai apanhar maçãs ao fim da tarde, o cinema de rua no largo da aldeia, o gato Chico sempre atrás de nós à espera de um mimo ou de um colo livre.
Aqui sinto que respiro mais fundo, que o coração bate mais depressa e mais forte, sinto uma sensação indescritível de paz e bem-estar, e sinto que tudo me é familiar: o restaurante onde ia sempre com o meu pai, a açorda de peixe de rio, que sabe melhor aqui que noutro sítio qualquer, e as tigeladas das beiras.
O cheiro da serra, o calor intenso logo pela manhã, os aromas típicos das suas flores e ervas dos campos. Eu e as serras. Eu e a minha relação de amor profundo com a terra. Com o que nasce das mãos de um povo que trabalha de sol a sol. Uma relação tão verdadeira como a minha relação com o mar. Mas diferente. No silêncio desta aldeia, reencontro o meu lugar e a paz que sinto aqui, entre a alma destas gentes, lembra-me que preciso voltar mais vezes. Aqui. Às minhas gentes… neste lugar que me conhece. Que define a minha identidade! Voltar aqui é mais do que voltar a casa. É voltar ao início da minha própria história.
PB
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