“Existe uma lenda acerca de um pássaro que só canta uma vez na vida, com mais suavidade que qualquer outra criatura sobre a terra. A partir do momento em que deixa o ninho, começa a procurar um espinheiro-alvar e só descansa quando o encontra. Depois, cantando entre os galhos selvagens, empala-se no acúleo mais agudo e mais comprido. E morrendo, sublima a própria agonia e despende um canto mais belo que o da cotovia ou do rouxinol. Um canto superlativo, cujo preço é a existência. Mais o mundo inteiro para para ouvi-lo, e Deus sorri no céu. Pois o melhor só se adquire a custa de um grande sofrimento... Pelo menos é o que diz a lenda.” Collen McCallough
Querida C.
Quando uma mãe perde um filho é como se um pedaço do mundo tivesse sido apagado e o nome dele ecoasse num vazio que nunca volta. A morte de um filho deixa uma ausência tão intensa que não há palavras, apenas um silêncio que pulsa dentro de cada respiração do coração desta mãe. Mas perder um filho não pode ser só sobre ausência ou dor: tem que ser também, e essencialmente, sobre fé. E esperança. A esperança de que a vida não termina no fim do corpo, de que há um reencontro numa outra curva da eternidade, onde o tempo não tem pressa e o amor nunca se perde. Quem parte não desaparece. Volta no sonho leve, no perfume de uma tarde, no canto de um pássaro inesperado, na brisa que sussurra um nome que só o coração entende. Talvez o céu se abra um pouco, todos os dias, para que os olhos da alma possam ver o que os olhos do corpo não alcançam. E ali, na intersecção entre o agora e o sempre, o amor segue vivo, em forma de luz e de paz. Sabes C., o tempo não vai apagar a tua do...
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